quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A primeira vez que me apaixonei

Uma menina politicamente correta, cheia de personalidade, com frases feitas e dona da verdade... Assim eu era com 17 anos. Nojento, vagabundo e sem vergonha... Era assim que eu o via quando eu tinha 17 anos. Uma menina como eu jamais se envolveria com um rapaz como ele, qualquer tipo de contato entre nós dois era algo impensável para mim. Ele até tentou se aproximar algumas vezes, na saída da escola, nas festinhas do final de semana. Tentativas em vão, meu desprezo sempre foi muito maior do que qualquer tipo de vontade. Até que um dia, o som estava mais alto, as luzes mais apagadas, o álcool dentro da mente, e eu acabei cedendo aos inúmeros pedidos de "fica comigo?" E quer saber? Até que foi legal, nada que me fizesse pensar nele no dia seguinte, mas já foi o primeiro passo para o turbilhão de emoções que iriam me perseguir nos próximos dias ...

01 de maio de 2006, essa é a data exata de quando eu fui perceber o que estava acontecendo, segundo beijo, mas o primeiro com paixão... Já passavam das três da manhã, aquela festa já havia acabado, mas nós estávamos lá, sentados na rua, rua suja de fim de noite... E tudo, eu disse TUDO, era perfeito! Naquele dia eu conheci suas mentiras e acreditei como verdades absolutas, o fato de você me contar o lado negro da sua vida com tanta sinceridade me fez enxegar uma verdade absurda e inexistente, me fez ver um cara diferente de tudo que eu já havia escutado a seu respeito, eu devorava suas palavras como um esfomeado devora um doce. Eu acreditava, eu adorava tudo que vinha de você naquele momento. Você me levou em casa, acho que foi a primeira vez que andamos de mãos dadas em público, eu já não ligava para o que pensavam sobre você.

E no dia seguinte eu já estava com aquela cara de boba que só os apaixonados entendem... É, a menina preconceituosa e cheia de respostas estava pagando a língua! Meus amigos não entendiam e reprovavam meu relacionamento, de repente eu me vi como alvo de comentários em todo canto, pessoas que eu nem conhecia me paravam nas ruas, pediam para eu me afastar dele... Eu não entendia, eu via um total exagero na situação, para mim o resto do mundo estava errado, o resto do mundo não conhecia o cara que eu conhecia!

Eu nunca mais senti aquela sensação de saber o que é estar apaixonada, e eu digo paixão mesmo, daquelas avassaladores que te fazem chorar, que te fazem sofrer. Eu o enxergava de longe e o coração já disparava ao ponto de eu temer que mais alguém pudesse escutar, minhas pernas tremiam, eu mal conseguia andar, minhas mãos gelavam e quando ele se aproximava eu soltava o meu sorriso mais bonito. E o beijo? Não existe beijo melhor do que o beijo apaixonado, naquele momento não existia mais ninguém, eu me entregava e esquecia de tudo e de todos, de verdade! Parecia que o mundo era só nosso e não dava vontade de parar.

Realmente, ele me tinha nas mãos como um pedacinho de papel, e como tudo que é muito entregue nós não costumamos dar valor... Ele abusou da minha paixão, diversas vezes. Ele me oferecia as melhores horas do mundo e no dia seguinte passava como se nada tivesse acontecido, doía demais, acho que essa foi a época que mais chorei. Ele soube me conquistar como ninguém, mas esqueceu de me amar. E demorou pra eu perceber que não fazia mais sentido insistir... demorou pra enxergar o que estava acontecendo ali na minha frente e que eu não via.

Foram exatos 12 meses... Um ano... 01 de maio de 2007, depois de algum tempo sem ficar junto, paramos para conversar, trocar uma ideia, e eu olhava pra ele sem enxergar o mesmo cara, o beijo já não era o melhor do mundo, a vontade já não era tão forte... Esse foi o dia da minha libertação! Só eu sei a sensação de prazer de poder olhar pra ele e falar "desculpa, mas agora sou eu que não quero mais." Mas dizer com vontade, com sinceridade! Ele claro, insistiu diversas vezes, fazendo jus aquela velha frase de que só damos valor quando perdemos, mas já era tarde!

Hoje em dia não sinto raiva, nem amor, mas sim um carinho muito grande, as vezes até uma certa pena... desejo a ele maturidade, sabedoria e toda a felicidade do mundo! E agradeço, de alguma forma, pelos dias que ele me proporcionou, tanto os de alegria quanto de tristeza, dias que me fizeram crescer, que me fizeram aprender... Para que hoje eu possa olhar para traz e lembrar até com certa saudade da época em que me apaixonei pela primeira vez...

Um comentário:

DRD disse...

Dificil, sincero, poetico e bonito.