
A noite pode ser legal, mas eu estou sem grana e preciso enlouquecer essa noite! E com um trocado qualquer compro da natureza meu passaporte para a próxima viagem.
Ei, precisamos encontrar um local tranquilo para embarcar, algum local onde não nos olhem da cabeça aos pés, algum local onde possamos ser nós mesmos. É tão ruim querer viajar quando o lugar de destino é ilegal, onde somos tratados como marginais. A senhora loira e bem vestida, cruzou nosso caminho bem quando preparávamos o passaporte, ela sentiu cheiro de alucinações e nos olhou como ratos. Psiu, senhora fútil e preconceituosa, nós não fazemos mal a ninguém, só queremos um pouco mais de paz, um pouco mais de festa, um pouco mais de tudo. Não vamos fazer nada além de sermos os caras mais felizes dessa noite, e pode deixar que não contaremos a ninguém que seu espírito é mais negro do que todas as bad trips do meu amigo mais louco.
Deixa a nóia de lado, vamos acabar logo com isso antes que chegue mais alguém. Antes de embarcar eu já imagino o auge dos meus surtos, e em pouco tempo tudo que eu pensei já começa a acontecer... don don don biiin biiiiin... E eu sou o DJ do som que toca em meu ouvido... Tuntz Tuntz Tuntz... Eu controlo, eu domino. Fecho os olhos, deixo o som rolar e já nem me preocupo mais com quem está olhando. Será que você percebe o que estou sentindo? Será que você está na mesma sintonia que a minha?
A conversa parece não fazer mais sentido, eu acho graça do que você fala, acho graça porque sei que de mim você também acha graça. Tudo aparenta ser tão engraçado, e de repente o universo parece conspirar... Por que isso está se passando? Acho que os céus fazem tudo de mais cômico acontecer nesse momento, e tenho certeza que se eu não tivesse embarcado nada disso estaria se rolando. É, o universo realmente parece conspirar: A nuvem tem cara de Machado de Assis, o Machado de Assis vira uma tartaruga marinha, a menina que está ao lado se transforma na própria tartaruga, e por favor, não olhe para mim agora! Como ver isso tudo sem dar risada? Como não sofrer ataques de gargalhadas histéricas quando tudo parece acontecer ao mesmo tempo?
O mais difícil dessa viagem é continuar de olhos abertos, e o medo me faz ver um policial em cada esquina, vejo farda onde não tem, só eu escuto as sirenes, é uma nóia que me assombra. Será que alguém percebe? Uma chuva de ideias e teorias inundam minha mente, tanta coisa que eu nunca havia pensado antes... Frases vão surgindo na minha cabeça, não tenho papel, não tenho caneta, e as tais teorias vão se perdendo. Já esqueci a grande ideia que tive a três segundos atrás, uma ideia muito melhor surge agora, mas daqui a mais três segundos irei esquecer novamente. E sem papel, e sem caneta...
Eu me sinto tão inteligente, entendo o que você me disse, entendo o que você tentou dizer, e mais, entendendo até o que você não conseguiu falar. E só quem está sentado na cadeira ao lado do mesmo avião que eu, entra na minha conexão, e se não entrar, não importa também. Eu consigo perceber o que os outros não conseguem enxergar, consigo separar o bem do mal, sinto a energia dos lugares e das pessoas, adivinho até o que você vai me dizer daqui a pouco. Todos os meus sentidos ficam muito sensíveis... Escuto as coisas dez vezes mais nítidas do que qualquer um aqui... O som do mar, a fumaça que sai do cigarro, as aves, os passos...
A pele sente essa sensibilidade também, dá carência, dá vontade... Mas agora não, não antes de me afogar em dezenas de copos d'água, preciso de líquido, líquido para molhar a boca e hidratar a alma. Mato a sede, sinto fome, mato a fome, sinto sede, e me entrego então, a esse círculo vicioso, onde não sei qual caminho é mais importante no momento...
E quando o espetáculo parece não ter mais fim, o volume do som vai diminuindo, as cortinas do teatro vão se fechando, as ideias vão sumindo junto com a inteligência surreal e a sensibilidade... E com a barriga cheia d'água, pego o passaporte de volta para casa. Amanhã ao acordar, já em minha terra natal, não lembrarei da metade dos lugares que visitei, das pessoas que conheci, dos prazeres e loucuras que essa viagem me proporcionou. Mas tudo valeu a pena, e tenho certeza de que se o sol da manhã além da luz me traz amnésia, é pelo fato de que se eu tivesse a exata lembrança do quanto foi bom viajar, viveria de mala feita, sempre em plano de voo, longe daqui, longe da minha realidade, longe das pessoas que amo, em um mundo surreal e imaginário.
Então, até a próxima viagem.
Ei, precisamos encontrar um local tranquilo para embarcar, algum local onde não nos olhem da cabeça aos pés, algum local onde possamos ser nós mesmos. É tão ruim querer viajar quando o lugar de destino é ilegal, onde somos tratados como marginais. A senhora loira e bem vestida, cruzou nosso caminho bem quando preparávamos o passaporte, ela sentiu cheiro de alucinações e nos olhou como ratos. Psiu, senhora fútil e preconceituosa, nós não fazemos mal a ninguém, só queremos um pouco mais de paz, um pouco mais de festa, um pouco mais de tudo. Não vamos fazer nada além de sermos os caras mais felizes dessa noite, e pode deixar que não contaremos a ninguém que seu espírito é mais negro do que todas as bad trips do meu amigo mais louco.
Deixa a nóia de lado, vamos acabar logo com isso antes que chegue mais alguém. Antes de embarcar eu já imagino o auge dos meus surtos, e em pouco tempo tudo que eu pensei já começa a acontecer... don don don biiin biiiiin... E eu sou o DJ do som que toca em meu ouvido... Tuntz Tuntz Tuntz... Eu controlo, eu domino. Fecho os olhos, deixo o som rolar e já nem me preocupo mais com quem está olhando. Será que você percebe o que estou sentindo? Será que você está na mesma sintonia que a minha?
A conversa parece não fazer mais sentido, eu acho graça do que você fala, acho graça porque sei que de mim você também acha graça. Tudo aparenta ser tão engraçado, e de repente o universo parece conspirar... Por que isso está se passando? Acho que os céus fazem tudo de mais cômico acontecer nesse momento, e tenho certeza que se eu não tivesse embarcado nada disso estaria se rolando. É, o universo realmente parece conspirar: A nuvem tem cara de Machado de Assis, o Machado de Assis vira uma tartaruga marinha, a menina que está ao lado se transforma na própria tartaruga, e por favor, não olhe para mim agora! Como ver isso tudo sem dar risada? Como não sofrer ataques de gargalhadas histéricas quando tudo parece acontecer ao mesmo tempo?
O mais difícil dessa viagem é continuar de olhos abertos, e o medo me faz ver um policial em cada esquina, vejo farda onde não tem, só eu escuto as sirenes, é uma nóia que me assombra. Será que alguém percebe? Uma chuva de ideias e teorias inundam minha mente, tanta coisa que eu nunca havia pensado antes... Frases vão surgindo na minha cabeça, não tenho papel, não tenho caneta, e as tais teorias vão se perdendo. Já esqueci a grande ideia que tive a três segundos atrás, uma ideia muito melhor surge agora, mas daqui a mais três segundos irei esquecer novamente. E sem papel, e sem caneta...
Eu me sinto tão inteligente, entendo o que você me disse, entendo o que você tentou dizer, e mais, entendendo até o que você não conseguiu falar. E só quem está sentado na cadeira ao lado do mesmo avião que eu, entra na minha conexão, e se não entrar, não importa também. Eu consigo perceber o que os outros não conseguem enxergar, consigo separar o bem do mal, sinto a energia dos lugares e das pessoas, adivinho até o que você vai me dizer daqui a pouco. Todos os meus sentidos ficam muito sensíveis... Escuto as coisas dez vezes mais nítidas do que qualquer um aqui... O som do mar, a fumaça que sai do cigarro, as aves, os passos...
A pele sente essa sensibilidade também, dá carência, dá vontade... Mas agora não, não antes de me afogar em dezenas de copos d'água, preciso de líquido, líquido para molhar a boca e hidratar a alma. Mato a sede, sinto fome, mato a fome, sinto sede, e me entrego então, a esse círculo vicioso, onde não sei qual caminho é mais importante no momento...
E quando o espetáculo parece não ter mais fim, o volume do som vai diminuindo, as cortinas do teatro vão se fechando, as ideias vão sumindo junto com a inteligência surreal e a sensibilidade... E com a barriga cheia d'água, pego o passaporte de volta para casa. Amanhã ao acordar, já em minha terra natal, não lembrarei da metade dos lugares que visitei, das pessoas que conheci, dos prazeres e loucuras que essa viagem me proporcionou. Mas tudo valeu a pena, e tenho certeza de que se o sol da manhã além da luz me traz amnésia, é pelo fato de que se eu tivesse a exata lembrança do quanto foi bom viajar, viveria de mala feita, sempre em plano de voo, longe daqui, longe da minha realidade, longe das pessoas que amo, em um mundo surreal e imaginário.
Então, até a próxima viagem.
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