quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A violência de quem nos protege

Casos de abuso de autoridade e omissão de segurança continuam chocando o país cada vez mais, fazendo com que brasileiros fiquem na dúvida de até onde estamos realmente seguros. No último dia sete mais um caso de violência brutal cometida por seguranças chegou a mídia. O técnico em eletrônica, Januário Alves de Santana, de 39 anos, foi agredido por seguranças do supermercado Carrefour, em Osasco, na Grande São Paulo. Ele foi confundido com ladrões, considerado suspeito de roubar seu próprio carro, e espancado pelos profissionais.
Para entender melhor o dia a dia dessa profissão que deveria zelar por nossa segurança, conversei com Ítalo Costa, que trabalha diariamente como segurança de um supermercado em Niterói (RJ), e Reginaldo Ferreira que presta serviços em uma famosa casa noturna em São Gonçalo (RJ). Segundo Reginaldo, é comum presenciar casos com algum tipo de abuso de autoridde em seu meio de trabalho, mas justifica a atitude ao afirmar que é estramente estressante profissões ligadas a segurança pública: "Não posso falar que não acontece um certo abuso da parte dos seguranças. Mas justifico dizendo que o nosso trabalho é muito estressante, principalmente em seguranças de casas noturnas, é muita gente bêbada querendo arrumar confusão, temos que cumprir nosso papel e não aliviar pra ninguém. Se vemos uma briga e não fazemos nada somos vistos como más profissionais, se agimos brutalmente somos vistos como monstros, então prefiro ser um monstro que cumpre com o seu papel".
E não são poucos os casos de violência em casas noturnas, nos últimos anos foi possível acompanhar várias dessas fatalidades. Como o caso de Fabiano Rodrigues, de 24 anos, que foi cruelmente agredido por um grupo de oito rapazes na saída de uma casa noturna em Sorocaba (SP). Além das cenas de covardia, as câmeras de segurança da boate registraram também a omissão dos seguranças cenas chocantes de omissão de segurança que assistiram a tudo sem tomar nenhum tipo de atitude. Perguntado se faria algo diferente no lugar do profissional em questão, Ítalo fica na dúvida: "Sinceramente eu não sei. As cenas são chocantes sim, mas até onde eu sei a briga ocorreu fora da casa, ou seja, a responsabilidade não era mais dos seguranças, não tinha como fazer muita coisa ali. E levando em consideração que a casa estava em horário de fechamento, acho difícil que conseguisse reforço para abordar os jovens, talvez no lugar dele o máximo que poderia fazer seria algo para assustar aqueles rapazes, talvez um tiro para o alto, não sei." E completa falando sobre o perigo que os seguranças correm diariamente: " É complicado, o nosso trabalho não é tão fácil quanto parece, segurança também tem medo de morrer, tem família, não somos diferentes de ninguém. É muito fácil criticar quando se está de fora."
Em uma coisa os dois seguranças concordam, casos como esses estão denegrindo cada vez mais a imagem dos profissionas: "Nossa imagem está sendo denegrida sim. Porém acho absolutamente normal para profissões que lidam diariamente com a violência urbana. Esses casos mostrados na mídia, são exceções, porém mesmo que não ganhassem tanto destaque, ainda sim seríamos vistos com maus olhos pelo simples fato de lidar com a violência." Diz Reginaldo.

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