quarta-feira, 12 de maio de 2010

Quanta saudade



Eu estava lembrando do que fomos, do quanto éramos felizes.

Lembra daquela viagem para o interior? Tinha tudo pra ser o maior programa de índio. Você me chamou em um canto e falou bem baixinho: "Foge comigo?". Eu não pensei duas vezes, abri um sorriso e balancei a cabeça em sinal de afirmação. Eu confiava tanto em você que naquele momento tinha certeza que algo de muito bom estava por vir. Segurei na sua mão e saímos juntos pela porta dos fundos, falando tão baixinho que ninguém poderia nos ouvir, ninguém poderia nos ver. Corríamos aquele enorme gramado, em direção a rua, eu não fazia noção de onde você estava me levando, mas ia, e ia. Chegamos em um enorme campo, sem nada por perto. Eu estava ofegante e rindo ao mesmo tempo, coloquei as mão sobre os joelhos e pedi uma trégua da correria. Apenas a luz da lua acompanhada por inúmeras estrelas. Apenas o barulho incansável do grilo. Você falou: "Chegamos", e eu com aquele sorriso bobo queria ter certeza: "Chegamos?". Deitamos na grama, você colocou seu braço esticado em baixo do meu pescoço, olhávamos para o céu, respirávamos fundo. Olhar seus olhos e ver tanta paixão, me fazia ter certeza que você estava sentindo o mesmo que eu. Pararia o tempo naquela noite.

Lembra do nosso primeiro apartamento? Passamos um mês com apenas um colchão jogado no chão. Eu com essa minha mania de decoradora, comprei uma lata de tinta coral e cismei que eu mesma iria pintar uma parede da sala. Você detestava aquela cor, mas adorava o fato de me ver feliz. Minha empolgação não durou muito tempo e em menos de uma hora eu já tinha largado a pintura pela metade pra ir te dar um beijo. Nos amamos alí mesmo, naquele chão forrado de jornal e sujo de tinta. Pararia o tempo naquela hora.

Lembra da vez que você ficou uma semana fora do país à trabalho? Nossa, acho que desde o momento que te conheci não imaginei ficar tanto tempo longe. Meu peito doía de tanta saudade. E quando você voltou eu pulei em seu colo e não larguei mais. Foram 72 horas, 45 minutos e 13 segundos deitados naquela cama macia e cheia de almofadas. Sem ir trabalhar, sem atender ao telefone, sem ligar a TV. Respirávamos e nos alimentávamos de amor. Pararia o tempo naqueles dias.

Lembra dos passeios que fazíamos a noite na orla? Andávamos de mãos dadas, você gostava de parar naquele quiosque do fim da praia e beber uma água-de-coco, mas eu sempre acabava te convencendo a tomar um chopp. Não esqueço daquela sexta-feira quente que a gente encheu a cara alí mesmo. Já passava das 3 da manhã e resolvemos chegar mais perto do mar para molhar os pés, em menos de 15 minutos estávamos dentro d'água rindo e brincando feito crianças. Fico rindo sozinha quando lembro da cara do nosso porteiro quando nos viu encharcados, entrando no prédio. Pararia o tempo naquela madrugada.

Quanta saudade. Saudade do que ainda não vivi. Mas tendo muita vontade de um dia tornar essa fantasiosa saudade, numa saudade real.

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