Ela se chama Charlotte, pelo menos foi esse o nome que se apresentou a mim.
Ninguém sabe que ela está ao ponto de explodir, ninguém a enxerga de verdade. Ela está morrendo aos poucos, mas porque ninguém percebe? As vezes acho que no fundo nem ela mesma se enxerga, não entende seu presente, não vê seu futuro. Ela não gosta dos dias tristes, mas o que mais incomoda são os felizes, pois um dia eles acabam. Parece fria a primeira vista, talvez seja isso que queira mostrar, mas se derrete toda na frente de um ser de quatro patas, que late e abana o rabo. Fala muito bem sobre sexo para uma menina tão nova. Fascinada por psicose? neurótica, depressiva, ninfomaníaca, melancólica? Mas tem sonhos simples como toda menina de grande imaginação. Ela também se apaixona, e se odeia por isso. Mente como ninguém. Acho que ela gostaria de ter um coração de lata, e faz de tudo por isso. Detesta as sensações e entre um cigarro e outro tenta não sentir nada.
"Desconfia dos que não fumam:
esses não têm vida interior, não tem sentimentos.
O cigarro é uma maneira sutil, e disfarçada de suspirar"
Mário Quintana
Ela não chora mais, secou. Desistiu de entender os humanos, e isso inclui ela mesma. Mas apesar de tudo, ela conhece a dor. Não acredita no amor, se mostra uma pessoa triste. Mas porquê? As vezes parece que está sentada na esquina esperando a morte chegar, ela ama a morte. Talvez ela deva tudo isso à senhorita F., sua grande inspiração. E que inspiração.
"Não sei por que tive tanto medo de morrer.
De morrer só.
Os drogados morrem sós."
Christiane F.
Já foi tola e sentimental, mas um dia resolveu mudar. Hoje ela é fria, mas as vezes sente um pouco de falta da época em que era humana. Ela não sente mais emoções e isso a incomoda um pouco. Mas toda essa frieza horas se confunde com as atitudes comuns das adolescentes que guardam um amor platônico pelo seu ídolo. É ciumenta, é egoísta. Ela não tem fé e não acredita em Deus. E mesmo escrevendo tudo isso, não tenho noção de quem ela seja de verdade.
Um comentário:
Poxa que foda.
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