quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sedução paga



Acordei por volta de seis de uma típica manhã de outono, daquelas que que fazem muito frio, mas com a presença de um sol ainda tímido. Passei o café, não sou ninguém sem meu café e um cigarro assim que acordo. Tomei um banho, fiz minha maquiagem, coloquei o vestido mais curto que havia em meu armário, aquele preto que eu já não usava há anos, e um salto alto. me olhei no espelho e falei comigo mesma:
__ Putz, parecendo uma prostituta de estrada.

Mas eu sabia que aquela era a única roupa que se adequava ao meu novo trabalho. Coloquei um casaco, peguei minha bolsa, e fui. Lembro-me até hoje o medo e a vergonha que eu sentia naquele momento, andava em passos largos, enquanto esquentava uma das mãos no bolso do agasalho, e fumava um cigarro com a outra. Era possível escutar o barulho que meus passos faziam nas folhas secas, caídas pelo chão.

Cheguei ao prédio, conferi o número no papel amassado que estava na minha agenda.
__ Edifício Edward Nunes, n° 43. É aqui mesmo!
Entrei no prédio pouco movimentado, subi até o quinto andar, meu salto fazia barulho naquele corredor vazio, fui até a sala 530, bati na porta e quase que imediatamente fui atendida por uma mulher com uma aparência no mínimo exótica,: cabelo vermelho, roupa colorida e com muito brilho.

__ Você é a nova funcionária, ? Perguntou ela, e antes mesmo que eu pudesse responder, completou: __ Espera um minuto que vou pegar suas roupas e te explicar direitinho o que você tem que fazer.
__ Mas eu não vou ficar com minha própria roupa?
Ela riu e falou: __ Não querida, com o pano desse seu vestido daria para fazer mais umas três roupas da que eu irei te dar.
A moça entrou em uma sala e voltou com a tal roupa, que eu já imaginava ser pequena, mas confesso que me assustei ao vê-la.
__ Terei que vestir isso?
__ Mas é claro!
__ Não cabe...
__ claro que cabe!
__ Mas... ééé...
__ Meu amor, entra naquela sala ali e coloca essa roupa bem rapidinho, tá? Porque já temos cliente para daqui a pouco. Cliente vip, sabe? Ele não pode esperar.
Entendi o recado, era meu primeiro dia no emprego. Eu havia dado minha palavra e não poderia pôr tudo a perder naquele momento. Entrei na sala e vesti com dificuldade a roupa justa e pequena. Top e short na cor vermelho sangue e uma bota preta de cano alto. Saí da sala completamente constrangida, me sentindo uma cópia muito mal feita dessas mulheres frutas que andam aparecendo por aí.
__ Agora deixa eu passar um pouco desse óleo no seu corpo.
Falou a mulher já espelhando o produto em minhas pernas.
__ Para que serve isso?
__ É para a pele parecer mais bonita diante do espelho, mais brilhante sabe?
__ Hum... sei...
E ela continuava passando aquele óleo fedorento no meu corpo.
__ Prontinho, você já pode entrar nessa salinha aqui - falou me puxando pela mão - e sentar nessa cadeira de frente para o vidro. Tem um relógio bem na sua direção, quando ele marcar 8:30h você aperta esse botão que irá abrir a cortina do vidro e o cliente já estará te vendo. Ele irá digitar em um computador que está do outro lado, tudo que quer que você faça e as ordens irão aparecer nesse monitor aqui. Na Estante ao lado da cadeira existem todos os tipos de brinquedinhos e objetos que ele pode pedir para você usar. Quanto mais tempo o cliente permanecer do outro lado digitando, mais dinheiro você ganha. Alguma dúvida?
__ Não, nenhuma.
__Ótimo. Eu volto assim que o cliente sair, para te dizer se você continua ou não no emprego.
__ Tudo bem...

A mulher saiu, eu sentei na cadeira.

08:29 h

...

08:30 h, apertei o botão, a cortina se abriu. Homem, aparentando ter uns 45 anos, cabelos grisalhos, terno preto.

"Tira o seu top bem devagar" Ele digitou.

Respirei fundo e pensei: __Ok... Já estou aqui e vou fazer o meu trabalho como deve ser. É tudo muito simples, ele quer meu corpo, eu quero o seu dinheiro.

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