Um dia desses a caminho da praia com umas amigas, iniciou-se um assunto sobre morte. Elas contavam o horror que sentiam do cemitério e de como é triste esse ambiente. Me senti um ET rosa com bolinhas azuis. A morte sempre teve algo bonito para mim, que realmente não sei explicar. Entrar em um cemitério nunca teve nada de aterrorizante, pelo contrário, saber que ali estão enterrados corpos de uma vida inteira... Histórias, amores, dores... Tanta coisa que eles passaram, e eu nem imagino... Sempre tive essa ligação com a história. Lembro-me que quando eu era pequena, entrava nos museus e ia tocando nas coisas, imaginar que aquele lugar, há centenas de anos, foi habitado por outras pessoas, que inúmeras situações aconteceram... Eu ia tocando nos objetos e imaginando: "Esses objetos presenciaram a tudo". É quase o mesmo que eu sinto quando entro no cemitério. Tentei passar essa ideia para elas, mas foi em vão. Elas me perguntavam se eu não me sentia mal ao ver uma família triste no cemitério após a morte de um familiar. Eu respondi que sim, sinto tristeza, mas sei passar muito bem por esses momentos ao ponto de ver algo bonito no meio de tanta coisa triste. Difícil de entender? Existe algo no olhar triste de uma criança, nas rugas de um velhinho, na perda de uma mãe, que em comove tanto, ao ponto de me passar paz. Confesso que tenho sim essa veia melancólica. Existem coisas, pensamentos e sentimentos que talvez eu nunca tenha conseguido passar para outras pessoas. Talvez porque faltavam as palavras certas, ou talvez por eu ter a certeza de que seria muito estranho para o outro escutar o que eu falaria. Tenho outras estranhas fascinações, mas ficará para um próximo post.
E para fechar com chaves de ouro, fotos tristes e belas ao meu ponto de vista:
Um comentário:
Bem diz Eclesiastes 7:2-6:
"Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração..."
Acho que apesar da tristeza que a morte traz, ela traz também um importante questionamento interno, sobre a vida não apenas do falecido, mas também sobre a nossa, sobre os nossos conceitos, valores. Sobre o que realmente vale a pena. Nesses momentos de tristeza a gente pensa muito sobre isso tudo, talvez seja essa a idéia de Salomão, ao escrever esse texto em Eclesiastes.
Também vejo algo de belo...
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