sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Alicia - Parte 1


Deitada na cama, sozinha, triste... Só alí percebi que nem sempre é válido pagar com a mesma moeda. Quantas vezes foi ele quem errou? Quantas vezes eu dei minha palavra de perdão? Agora a culpada era eu, era ele quem sofria, e não me sentia vingada por isso.

Naquela noite, no chalé, eu esqueci por alguns instantes do Renato, o homem com que eu estava a mais de dois anos. Me entreguei ao quase desconhecido rapaz, como quem se joga à uma aventura sem pensar em nada. Vivi uma inesquecível noite de amor com o Cris, sem lembrar do antes, sem lamentar pelo depois.
Diferente do meu namorado, eu fui corajosa o suficiente para me arrepender no dia seguinte, me arrepender e pedir perdão. Pedido em vão. Entendo sua mágoa, sua dor em me imaginar nos braços de outro homem, mas por que em tão pouco tempo já exibe aquela outra ao seu lado? Para me humilhar? Mostrar que é indiferente? Até então nunca havia presenciado um beijo ou qualquer outra demonstração de carinho que deixasse claro uma intimidade entre os dois, mas conheço o Renato, e naquele momento tinha certeza que estavam juntos.

24 de dezembro de 2003.

O mais difícil era saber que nossos amigos eram os mesmos, sendo assim sempre iríamos acabar nos esbarrando por aí. Assim foi na noite de natal. Nathali organizou toda a confraternização, eu fui, na esperança de uma possível reconciliação, sabia que o Renato estaria lá, e isso me deixava feliz.

A noite estava linda, a hora estava passando, ele não chegava. Já se passava da meia noite, e eu já estava conformada que ele não viria, quando bateram na porta do apartamento. Fui atender, era ele, mas não estava sozinho, Rosana, a tal mulher que estava sempre por perto, assombrava minha vida mais uma vez.

Tentei ser o mais natural possível, dei um sorriso falso. Mas Nathali não fez tanta questão de ser simpática com a situação.
__ O que essa mulher está fazendo aqui na minha casa, Renato?
__ Para com isso Nathali. (Disse Renato, sem graça)

Foi aí que me vi obrigada a interromper:

__ Nathali, ela é amiga do Renato, qual o problema em querer passar a noite de natal com ele?

Todos foram para mesa de jantar, o desconforto reinava no ar, foi quando resolvi quebrar o gelo e puxar assunto com Rosana:

__ Você estava querendo comprar uma moto, ? Conseguiu?

__ Consegui sim, semana passada. Com esse trânsito de hoje em dia, moto nem é mais um luxo...

__ É uma necessidade. (falaram as duas ao mesmo tempo)

Coincidência que foi motivo de gargalhadas e quebrou um pouco o clima ruim do jantar.
Porém não satisfeita, Nathali continuava com as provocações:
__ O arroz está ótimo! (Rosana elogiou, tentando ser simpática)
__ É verdade, pena que acabou. (Concordei)
__ Pois é, se algumas pessoas não aparecessem sem avisar provavelmente sobraria mais arroz.

Rosana responde a brincadeira: __ Está falando comigo, Nathali?

__ O que você acha?

Renato interrompe: __ Nathali, dá pra parar com essas indiretas?!

__ Pois é, o problema é que não é indireta... É direta mesmo, pra ver se essa mulher se toca!

Eu, incomodada com aquele situação, senti que precisava fazer algo:

__ Chega Nathali! Esse seu mal humor com as pessoas já está passando dos limites! Hoje é uma noite especial, e eu tenho certeza que a Rosana é uma pessoa ótima, não precisa passar por isso.

__ Qual é Alicia? Tá ganhando quanto pra ser advogada da Rosana?

__ Renato..

__ O que foi? Não sei se está claro pra você, mas ninguém aqui está pedindo a sua ajuda! Pode ser difícil, mas tente se colocar no seu lugar.




(Silêncio)




















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